sábado, 26 de outubro de 2013

Runas
sussurros do Infinito


“Runas você irá encontrar, hábeis sinais
Grandiosos e poderosos sinais,
Citadas pelos grandes deuses
Transmitidas pelo profeta dos deuses
E ensinadas pelos sábios xamãs.
Runas, antigos e mágicos sinais,
Você sabe como gravá-las?
Como pintá-las,
Como lê-las?
Como orar com elas?
Como entoá-las?
Como usá-las?
Como oferecê-las?
Como enviá-las?
É melhor não pedir, para não ter que pagar depois,
Pois um presente sempre requer uma retribuição,
Mais vale não enviá-las do que precisar oferecer demais.”

“Havamal”, poema épico do séc. 10 d.C

De origem arcaica, não se sabe onde nem quando exatamente as Runas apareceram na mente dos homens. Entretanto, há pistas históricas – e espirituais – que sobrevivem além da passagem do Tempo e confirmam sua existência, através de várias tradições oriundas do norte da Europa, onde hoje estão os países da Escandinávia (Noruega, Suécia, Dinamarca, Finlândia), Ilhas Faroé, Islândia, Ilhas Britânicas, Alemanha, Holanda e Países Bálticos.

Segundo a pesquisadora Mirella Faur, autora do livro Mistérios Nórdicos, a palavra Runa significa “algo misterioso” (ru, de raiz indo-européia); “segredo” (run, em norueguês arcaico); “sussurro” (runa, do alemão arcaico); e “sussurro misterioso” (rounroon e raunen, do saxão e gótico).

Para alguns novatos, curiosos e materialistas que se debruçam sobre esse assunto, as Runas não passam de um alfabeto ou sistema fonético, usado no passado distante para uso mundano, tal como inscrições em túmulos de pedra, transações comerciais e registros do cotidiano. Mas as Runas vão muito além disso, pois que são, na verdade, um sistema simbólico que reflete as Leis Universais, as forças cósmicas de Causa e Efeito e as próprias Forças da Natureza como manifestações divinas (tal como o Espírito na experiência como Ser Humano).

As Runas têm origem pré-histórica, no Período Neolítico (cerca de 8 mil anos a.C), com uma rica tradição transmitida oralmente, através de mitos, lendas, estórias, contos-de-fada, sagas, costumes, folclore e, especialmente pelas práticas xamânicas, medicina popular e oraculares. Foram muito popularizadas durante o famoso Período Viking (800-1100 d.C.). Mesmo após a Cristianização da Europa, esse caminho espiritual ancestral sobrevive e continua se desenvolvendo e fortalecendo, através de movimentos como o Asatrú, Odinismo e Neo-Paganismo e outros grupos e indivíduos espiritualistas.


Perguntando às Runas
Um meio popular de disseminação do uso das Runas é, desde muito antigamente, o de oráculo. Em uma definição simples, oráculo é quando se busca uma Fonte de Sabedoria Espiritual considerada Superior, de visão mais abrangente do que a do consulente, para que se possa alcançar a chamada “ação correta”, o “proceder certo” ou simplesmente a “tomada de decisão mais adequada”, visando à felicidade/plenitude/satisfação interior.

Com seriedade, simplicidade e concentração adequadas, o consulente pode fazer perguntas diretas e precisas às Runas, através de um Runester ou Erilaz (alguém iniciado nos mistérios rúnicos), que retira as Runas da tradicional Sacola de Runas utilizando sua conexão espiritual, lendo-as e interpretando-as para quem está buscando orientações para sua vida.


Os assuntos podem variar dos mundanos (relacionamentos afetivos, saúde, negócios, trabalho, profissão, resolução de conflitos etc.) aos espirituais (autoconhecimento, energéticos, aprendizados etc.). Sobretudo, a função oracular das Runas é orientar o consulente para que acesse em si mesmo sua própria Luz ou sabedoria interior.

Em um nível material ou transcendente, cada Runa revelada alerta, aconselha e propõe o melhor curso de ação para uma situação, visando sempre o resultado mais provável de se realizar e o aprendizado oriundo no contexto de toda a questão. São símbolos arquetípicos que se comunicam sutilmente com as várias facetas do ser humano, lendo todas as emanações físicas, emocionais, mentais e espirituais do consulente, para que ocorra o aconselhamento.

O sistema mais antigo é o Futhark, composto de 24 Runas – todas com traços retos, sem curvas. Nele está codificada toda uma tradição oracular e mágica, o que requer do Mestre Rúnico (Runester) um intenso, profundo e constante estudo e prática para conseguir acessar as sutilezas desses mistérios arcaicos.


Magia, Meditação e Espiritualidade
Além do uso oracular, as Runas são uma forte e consistente tradição mágica. E aqui afirmo Tradição não como algo aceito somente porque é antigo e sobreviveu à passagem do tempo, mas principalmente porque é um caminho eficaz e consistente de aprendizado espiritual – e de uso prático em assuntos cotidianos.

Associadas ao deus Odin – Pai dos Deuses -, curiosamente as Runas não foram criadas por Ele, mas sim reveladas a Ele, quando se sacrificou para si mesmo e encontrou a Sabedoria ao avistá-las, dependurado na Árvore do Mundo durante 9 dias e 9 noites, com fome, sede e trespassado por uma lança no peito.

Os antigos nórdicos faziam intenso uso mágico e espiritual das Runas nos mais variados objetos e lugares: armas, escudos, vigas que sustentavam as casas, tapeçarias, pedras, joias etc. visando proteção, harmonia, sucesso e fartura em suas atividades.

Outros mais ligados às práticas xamânicas e religiosas já faziam uso das Runas como forma de conexão espiritual visando o autoconhecimento, através de técnicas de meditação (visualizações e uso do Galdr, sons de teor vibratório elevados similares ao mantras hindus), curas e rituais xamânicos como Seidhr e Spaecraft (técnicas que usam estados alterados de consciência para facilitar  a comunicação com Espíritos, ancestrais e seres da Natureza e divindades).

Dessa forma sucinta, podemos ter um vislumbre da complexidade e luminosidade espiritual do que as Runas representam. E também sentir a responsabilidade e compromisso quando mergulhamos na Verdade de suas profundezas cósmicas. Isso está descrito no poema épico Völsunga Saga:

“Se você entre todos quiser ser eleito
Com as runas da mente deverá lidar,
Ter uma alma limpa, ser correto e sábio,
Conhecer as runas primevas,
Que foram cantadas e gravadas
E no coração do mistério guardadas.”

Hail, Odin!!!
Hail, Freyja!!!

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Era de Aquário: grandes mudanças a caminho

Era de Aquário: grandes mudanças a caminho



“A Era da Aquário está vindo ao nosso encontro. O vazio, a insanidade e a dor serão problemas de todos. As pessoas gostarão de bater em paredes para descobrir onde podem ir. Elas virão até vocês. Tão insanas estarão, que se vocês não tirarem a dor delas e em vez disso julgá-las, vocês são pessoas erradas. É por isso que gostaríamos de ensinar-lhes a permanecerem disciplinados no mundo mais indisciplinado. Como crescer, como brilhar. Como servir e ser. Primeiro, nós identificamos a nós mesmos: nós somos, nós somos. Segundo, nossas palavras deverão ser tais que possam aquietar qualquer fofo, desespero e depressão da pessoa. Terceiro, devemos ter o poder de elevar a alma e servir a pessoa, de sermos graciosos. E finalmente, devemos permanecer puros.”
– Yogi Bhajan

Alguns esotéricos dizem que já entramos na Era de Aquário. Outros dizem que ainda estamos em um período de transição. O Espiritismo fala da transição da natureza moral dos habitantes do planeta Terra, de Provas e Expiações (o mal ainda é predominante nos corações e mentes) para um orbe de Regeneração (equilíbrio entre Bem e Mal). Para alguns astrólogos, só entraremos de fato nessa era aproximadamente no ano de 2658 d.C.

Yogi Bhajan, mestre de Kundalini Yoga e Tantra Yoga Branco, afirmava que já tínhamos entrado na Era de Aquário desde o dia 11 de novembro de 1991, deixando a Era de Peixes para trás. O fato é que, independente de quem está mais preciso nos cálculos, o planeta onde vivenciamos nossas experiências humanas passa por grandes e profundas mudanças – das climáticas às sociais. E isso requer força e coragem para saber lidar com esses desafios.

Se a minguante Era de Peixes se caracteriza pelo difícil acesso ao conhecimento, fazendo com que somente alguns poucos escolhidos – por suas qualificações e perseverança – alcançassem o Saber Iniciático. Por isso ia-se até lugares remotos como o Tibet, desertos ou cavernas escondidas, buscando o isolamento para obter o esclarecimento. Na Era de Aquário, que se faz sentir os efeitos nesse momento pelo atual período de transição consciencial, todo o Conhecimento está sendo acessível a qualquer um, através do rompimento crescente de barreiras entre as pessoas em qualquer lugar do mundo. Prova disso? A Internet, as facilidades tecnológicas tais como TVs, celulares, computadores, fibra ótica etc.

Em outras palavras: não há mais segredos, e a informação já não é mais tão importante, mas sim saber o que fazer com ela. Diante de tantos avanços tecnológicos, o ser humano já não precisa se esforçar descomunalmente para obter o conhecimento como antes. Já construir a tão almejada Sabedoria, é algo completamente diferente. Um abismo ainda separa poucos de muitos, seja pela crescente agitação emocional e mental, seja pela falta de compromisso consigo mesmo, cotidianamente.

Desafios e novos sentidos
Algumas das características da Era de Aquário, a qual vamos lentamente percebendo, são:

- Aprender e aceitar as mudanças serão convites por toda a vida. E isso requer muita flexibilidade – seja física, emocional e mental.

- O culto ao intelecto (se encher de informações constantemente) já não supre o anseio de plenitude do ser humano. É preciso construir um novo relacionamento com a nossa intuição, emoção e até instintos. Esse equilíbrio holístico nos dará Sabedoria para viver o que necessitarmos viver.

- Os desafios estão surgindo com cada vez mais complexidade e velocidade e, para saber lidar com eles adequadamente, necessitamos de energia, resiliência, senso de identidade infinita (e não mais finita), compromisso consigo mesmo, integração do sentido material com o espiritual e consciência planetária – sem fronteiras para a ação.

Enquanto estivermos em processo de adaptação entre essas duas Eras, necessitamos estar tão saudáveis, felizes e sagrados que nenhuma depressão, fadiga ou estresse se aproximará de nosso campo áurico ou psíquico. Quem não souber se manter em equilíbrio nos campos, físico, emocional, mental e espiritual (ou como na tradição da Numerologia Tântrica, em seus 10 Corpos e Centro de Comando da Consciência), poderá sofrer o impacto energético, veloz e mais elevado desse novo ciclo planetário, e acabar recorrendo ao uso de aparelhos tecnológicos para tentar por em ordem a enxurrada de informações.

Tal como já acontece agora, de modo ainda crescente, já são visíveis a falta de tempo, o estresse cotidiano, a raiva, o uso de drogas, a violência, o sentimento de perder o sentido de viver. É o sistema nervoso entrando em colapso.


Era do Ser

É a Nova Era já sacudindo as nossas crostas de antigas crenças, para nos empurrar além dos limites, valores e opiniões estabelecidas, para que cada um perceba que necessita pôr sua própria casa em uma nova ordem interna. Para isso, precisamos fazer uso de tecnologias do Ser, tais como as terapias alternativas, práticas ecológicas e vivências ancestrais de ligação com a nossa Natureza Divina e ainda tão atuais que nos coloquem em sintonia com nossa Verdadeira Identidade (Sat Naam – A Verdade é a Identidade, do Gurmukhi).

Diante de tantas informações, tantas escolhas, tantos chamados externos vindos de inúmeras direções (visíveis e invisíveis), necessitamos de uma tecnologia que seja prática e potente para gerar a energia necessária para sobreviver aos desafios e alcançar a maestria sob toda essa pressão planetária. Conscientemente direcionar a consciência da mente, usá-la como uma poderosa ferramenta para alcançar níveis de elevação do Ser, para que façamos sábias escolhas. Com intuição, devoção, com amor e Consciência da Unidade.

Um exemplo disso e a tecnologia de Kundalini Yoga: uma genuína tecnologia da Consciência. Uma prática diária através da qual você quebra e deixa cair por terra antigos padrões de comportamento que não mais servem e cria novos, com disciplina, vigor e amor-próprio, de maneira que, nas palavras de Yogi Bhajan, “a mente seja conscientemente consciente de que é Consciência”. Sair dos jogos mentais de manipulação do Eu baseado no passado, para o Eu em estado constante de meditação - saudável, feliz e sagrado.

Há, é claro, outras tecnologias para que a Era da Consciência surja como uma alvorada em nossos corações sedentos de acessar a Fonte, de maneira clara, serena e sábia – artes marciais, ações altruístas que abram e projetem Anahata (chacra cardíaco), vivências diárias junto à Natureza ou qualquer outra prática na qual você possa trazer para o seu coração em estado aberto e livre gerando Sabedoria.

Quer ou não, a Nova Era, tão cantada em verso e prosa está aí: transição, mudança feito ventania cósmica. Que sejamos fortes, graciosos e sábios para saudá-la e abraçá-la em nossa vida.

Sat Naam,


Amar Roop Singh